Chego mais devagar do que o normal, inventando obstáculos, desamarrando os sapatos apenas pra ter o que amarrar. Sem pressa, buscando o encima da hora. Estar no limite, tal como estar atrasado, é cartão de visita: coisa de gente compromissada. Ou coisa de quem mora longe. Pontos a favor. Ou coisa de vagabundo mesmo. Deem os pontos que quiserem, e eu ofereço minha cumplicidade. Sou o quase vagabundo, disfarçado de pontual. Esbaforido na essência, mas relapso no simular.
Ver um bando de rostos desconhecidos, e não ter mais a vontade de conhecê-los. Coabitar sem conviver. Cumprir, esperar acabar, desnotar. Desentender os motivos que me fazem continuar, e me conformar com o brinde de papel enrolado, quiçá enquadrado. Os amigos vão saindo pra rua, pra vida. A porta, traiçoeira, mostra a sombra, e nem dá pista de luz. O mundo é escuro ou meus olhos é que nasceram cansados?
Quando criança ainda havia a inibição, o medo de gente. Ouvir o nouBAR da chamada era o mote pras risadas dos "coleguinhas". Preferia as semanas seguintes, quando éramos chamados pelo número. 27, 28, até 30 fui. Tinha tempo suficiente pra fazer tarefas de casa enquanto os colegas das primeiras dezenas iam mostrar o caderno pra tia. Registrarei meus filhos do M pra frente, e lhes darei, de primeira, vários pontos positivos no diário da professora. Mentira. Filho é coisa do passado. Eu sou melhor avô do que pai, e ainda não descobri como driblar a genealogia.
Eu agia assim. Ia totalmente contrariado. Tinha pavor de conversar com meninas, pois "elas gostavam mesmo era dos caras das séries superiores". Ou se era um galãzinho, ou se tinha vergonha de estar ali perto delas, deusas de nossa imaginação. Procurava me amigar dos outros meninos, e optava pelos também estranhos. Formávamos turmas estranhas, falávamos de futebol (sem saber jogar), mulher (sem sonhar pegar), e de lições (que era o que restava). Tudo se ajustava, estranhamente.
Ver um bando de rostos desconhecidos, e não ter mais a vontade de conhecê-los. Coabitar sem conviver. Cumprir, esperar acabar, desnotar. Desentender os motivos que me fazem continuar, e me conformar com o brinde de papel enrolado, quiçá enquadrado. Os amigos vão saindo pra rua, pra vida. A porta, traiçoeira, mostra a sombra, e nem dá pista de luz. O mundo é escuro ou meus olhos é que nasceram cansados?
Quando criança ainda havia a inibição, o medo de gente. Ouvir o nouBAR da chamada era o mote pras risadas dos "coleguinhas". Preferia as semanas seguintes, quando éramos chamados pelo número. 27, 28, até 30 fui. Tinha tempo suficiente pra fazer tarefas de casa enquanto os colegas das primeiras dezenas iam mostrar o caderno pra tia. Registrarei meus filhos do M pra frente, e lhes darei, de primeira, vários pontos positivos no diário da professora. Mentira. Filho é coisa do passado. Eu sou melhor avô do que pai, e ainda não descobri como driblar a genealogia.
Eu agia assim. Ia totalmente contrariado. Tinha pavor de conversar com meninas, pois "elas gostavam mesmo era dos caras das séries superiores". Ou se era um galãzinho, ou se tinha vergonha de estar ali perto delas, deusas de nossa imaginação. Procurava me amigar dos outros meninos, e optava pelos também estranhos. Formávamos turmas estranhas, falávamos de futebol (sem saber jogar), mulher (sem sonhar pegar), e de lições (que era o que restava). Tudo se ajustava, estranhamente.
Conversa. Hoje chego tão devagar quanto sempre. O distinto é não ter mais a esperança de que a gente muda com o tempo. As características crescem conosco, e apenas se adaptam às novas pessoas, aos novos lugares. Não há medo, há indisposição. Não há chacotas, mas nem risadas. Somos adultos, e deveríamos escolher melhor. Autonomia: engodo bom. "Introdução aos estudos da educação: enfoque sociológico": o curso.
Desgaste. Outro item pra coleção dos parágrafos melindrados. Vontade de começar as coisas pelo meio, de atalho.
Tão estranho e constrangedor: meu primeiro dia de aula.
Desgaste. Outro item pra coleção dos parágrafos melindrados. Vontade de começar as coisas pelo meio, de atalho.
Tão estranho e constrangedor: meu primeiro dia de aula.