terça-feira, 9 de outubro de 2007

"BAIXIO DAS BESTAS"


Várias situações me causam medo. Um temor à humanidade. A mim mesmo, na verdade. Após assistir ao soco no esôfago que é "Baixio das Bestas", filme de Claudio de Assis, sinto asco de todos nós. Como o ser humano é torpe. Tendo como cerne a produção de uma prostituta, que não vê outra solução a não ser essa trazida pela maré fantasma do sertão nordestino, o filme mostra a vergonhosa impunidade aos "agroboys" que têm como limite a morte e a violência destinada a mulher. E mais violência. Um estupro de violência. Falo sob efeito de hipnose que já dura dois dias, ou seja, desde que os créditos subiram. Foi preciso um alerta da arte pra que eu ao menos refletisse acerca de nossa maldade. E nem consigo dizer que não gosto dessa dicotomia bem/mal. Sim, não gosto, claro. Mas o que atinge à menina de 16 anos levada pelo pai-avô ao abuso sexual só pode ser maldade. E a pior.


Queria ter mais ânimo pra procurar minha coragem. Encontrar meios de intervir nisso tudo. Deve ter algo a fazer, além de recomendar o filme pra um ou outro. Ficar aqui em casa, buscando solidão, escrevendo e pensando se vou ou não pra aula não resolve nada. Aliás, só pra que esse texto não pareça coerente e uno, vai uma pergunta: você, que provavelmente é única pessoa a ler isso, se anima ou desanima quando vê que as pessoas são melhores que você, seja em qualquer atividade? Exemplo: você quer escrever algo, fica pensando muito, buscando palavras e resolve passar por uns blogs. Lê neles coisas que sabe que não conseguiria escrever e percebe que não passa de um medíocre. Ainda assim, teima em continuar? Eu titubeio.


Assistam ao filme.