segunda-feira, 16 de junho de 2008

Conveniências

Difícil delimitar a fronteira tênue entre sinceridade e inconveniência (1). Mesmo porque a verdade, muitas vezes, é inconveniente, ou mesmo constrangedora. Até aqui: consensos. O livro que ando lendo fala um pouco da necessidade de cinismo, hipocrisia ou, no mínimo, omissão, para a sobrevivência social (2). Mas é uma bosta não conseguir mandar pessoas desprezíveis à merda (3). A submissão me leva a abdicar do direito de dizer a verdade. Mas aqui posso, consigo. E não o faço. Claro que nãO! Aqui é meu mundo virtual, e ele tem suas próprias verdades, que são nada mais que mentiras do mundo real, mas dissimuladas. Aqui eu tenho de vender a imagem de um menino que é alternativo aos estereótipos sociais. Que tem gostos cults, gosta de escrever e ainda torce pra que alguém leia. Aqui também não dá pra ser sincero, então. Essa é a única chance de não ser introvertido: não aproveito...me resguardo, acovardo.
Sem frescuras, tudo balela. Escrever isso é uma grande mentira. Tudo aqui é pensado com alguma antecedência. E revisado. Sou um babaca que mente o tempo todo.


(1) "tênue" é O adjetivo pra "fronteira", sempre. Pode reparar!
(2) "Elogio da loucura", Erasmo de Roterdam
(3) Mandar "à merda", pro meu pai, é o pior dos xingamentos.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Insinuantes arquibancadas


Sou um são-paulino. Ainda que com tentativas frustradas de abandono. Digo, não que eu tenha tentado torcer pra outro time, mas minha frustração consiste em não conseguir amenizar meu fanatismo por futebol. Jà nem tento mais. Tal obsessão me atrapalhou nos estudos, além de comprometer - por tomar tempo - possíveis aquisições intelecto-culturais; que tudo isso se dane. O caipira, o banguela, o bêbado, o senhor que sempre carrega o rádio à pilha, a garota que acompanha o namorado, e a mãe do juiz, são personagens que fazem falta a meninos que começaram cedo a frequentar partidas de futebol.


Ao entrar pra vida universitária, tendo escolhido um curso que sempre atenta para os perigosos caminhos da alienação, pensei que veria várias convenções hereditárias morrerem. A principal delas seria a religião. Era difícil entender como a fé poderia resistir à razão. Gente muito bacana crê em diferentes "doutrinas" e eu, apesar de seguir no "mau caminho", descobri o que talvez seja minha maneira de ser passional:


Resignadamente, adorar meu futebol.