Periodicamente, busco a solidão. Depois de fases efêmeras em que a vida social se mostra mais gentil e em que consigo cumprir razoavelmente minhas atribuições estudantis, sinto um esgotamento que tende a me afastar da existência pública. As boas aulas da faculdade perdem seu magnetismo; teatros, cinemas e casas de shows ficam pra mais tarde. Passo a querer estar em casa, deitado a violão, filmes, e leituras descontraídas. Saio do trabalho banal e corro em busca do prazer que só encontro aqui ! Colocar o pé no sofá, comer na sala, mijar de porta aberta: de verdade e sem culpa.
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O que pode parecer sombrio e melancólico, no meu caso, é benéfico demais. Nestas circunstâncias, isolo-me até mesmo pra lembrar da magnitude de tudo. Pra não esquecer que há outras coisas pra se fazer, que por diversas vezes serão por mim melhor aproveitadas do que uma aula, mesmo que tais coisas sejam as mais singelas ou aparentemente pouco profícuas atividades mundanas (exemplo: tocar sempre a mesma música, pra você mesmo). O mundo acadêmico é maravilhoso, mas cansa os que, como eu, carecem de disciplina e estabilidade. Fujo dele para retiros ignorantes mas revigorantes! Pra cultivar saudades...sentir falta...voltar ávido de conhecimento!
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Ah, solidão! Quanto bem você me faz! Como afastamento voluntário (temporário), e não como reflexo de abandono, eu gosto. Uso parte desse tempo reciclado para pensar no que meus amigos podem estar fazendo (especulo sobre o que pensam numa digressão em meio à fala de um profesor prolixo); no que, por ventura, supõem que estou fazendo; quanto àqueles com quem já não tenho contato, imagino destinos: revivo algo bom. A maior parte do tempo, no entanto, eu reservo aos meus descompromissos. O certo é que estar sozinho é um ritual salutar à manutenção de minha saúde mental, mas também indispensável à doce loucura de imaginar que o mundo é, por um instante, só meu: vê-lo de fora...e notá-lo dentro de mim.
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P.S. Paradoxalmente, esta é uma solidão compartilhada, pois publicada.
P.S.2. Se preferir, considere tudo isso como uma inócua apologia à vadiagem (vagabundagem) ou aos sintomas iniciais da depressão. Associação sua.