domingo, 12 de abril de 2009

E acho que é tão normal

"Se o seu corpo ficasse marcado
por lábios ou mãos carinhosas,
eu saberia
(ora, vá mulher!)
a quantos você pertencia"

("Mora na Filosofia" , de Monsueto / Arnaldo Passos - ouço pelo Caetano)
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O rompimento. Com toda a força que o termo traz. É como se realmente não houvesse mais vínculo. O que passou, passou. Tolice. Fica. Ressignifica, e fica. Vira nostalgia, ou ódio. Mas não desaparece. Rola tentar fingir, mas apenas pra produzir fracassos. O erro do tentativa e erro. Vestimos uma capa que isola o passado do presente. Como se o futuro tivesse medo dele (do passado!), concorresse. Ou limitamos o que foi vivido a um simples aprendizado. Assim é fácil, pois aprender é o que sempre fizemos. Encarar os rompantes de felicidade derivada de instantes remotos deveria ser mais natural. Ao invés de conversar variedades, que é o mais aceitável, poderíamos partilhar alegrias. Falamos da previsão do tempo que cada um faz (se vai chover, se esfriou, se a donzela vai parir), mas dissimulamos o tempo que nos interessa, que nos preenche os pensamentos. Poupamos as pessoas que nos fazem felizes das lembranças daquelas que nos fizeram. Elas não podem conviver. É mais difícil competir com o abstrato. Pra quê? Hein? Prefiro o risco. Caio no engodo. Não reviro, revivo. Pra juntar emoções e fazer com que elas se completem. Se nada é eterno, então pra quê fugir do que nos faz bem? Dane-se o que é habitual. Por amar não se arrepende. Nem se arremeda. Enquanto nossos pensamentos não forem transparentes, é provável que continuem acreditando em nossa segurança (a babaca segurança!). Nas voltas por cima. Na superação. Gostamos de ouvir comparações, mas só as favoráveis. As outras ficam indefinidas em algum lugar dos coraçõezinhos feridos. Sabe aquela história de produzir provas contra si mesmo? É o que posso estar fazendo, e que aconselho a quem quiser dormir.

Exibam suas cicatrizes. Se elas resistirem à exposição, ao fechar, ornarão sua pele. Feito tatuagem, mesmo.


(P.S.: por aqui: tô gostando de escrever sem dar chance pra desistir de publicar. É estranho criticar as peças que você mesmo protagoniza, em público. Como dissera C. Nader: "é estranho, eu existo entranho".)
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"Tive sim,
outro grande amor antes do teu,
tive sim
o que ela sonhava eram os meus sonhos,
e assim,
íamos vivendo em paz.

Nosso lar,
em nosso lar sempre houve alegria,
eu vivia,
tão contente,
como contente ao seu lado,
estou..."

("Tive Sim", de cartola)

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Aos tempos que se alternam em minha vida (O passado, o presente, e o futuro).

À D. e à S.

6 comentários:

diri disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
diri disse...

isso ae, noubar, não dá chance mesmo! sinceras as suas palavras e admirável a sua postura. expor-se assim é mostrar que você está disposto ao debate e à loucura ahaha! mas não a do dia a dia (já usando a nova grafia), e sim a da oposição ao senso comum.

boa idéia sobre o "romper". é defintivo? temos mesmo que excluir o passado do presente? amigo, isso é problema em todas as instâncias.

valeu por hoje! a peça foi muito boa!

abraços

Carol Kuk disse...

Como eu sempre digo, sócio: gênio!

Sem mais...

beijos da Carol

Carol Kuk disse...

"Exibam suas cicatrizes. Se elas resistirem à exposição, ao fechar, ornarão sua pele. Feito tatuagem, mesmo."


Relendo... Que coisa mais linda, sócio! Caracoles... que lindo...

newton disse...

vamos atualizarrrr
e visite meu blog:
qualquerdiamalescrito.wordpress.com

Anônimo disse...

necessario verificar:)