quinta-feira, 26 de abril de 2007


Em tempos de robô


É nos quinze minutos que enrolo (rolo) na cama depois de ser acordado que descanso mais. Que tento lembrar de meus sonhos. Banho tomado, asseio mal-feito, beijo na vó; saio pra trabalhar. Cartão de ponto, celular, carteira, chave e mp3: estou pronto! De casa ao metrô chego sem perceber...aos tropeços. O inferno! Esse é o transporte na hora em que o relógio marca “trabalho”. Competição! Até para conseguir um lugar melhor na plataforma; ir sentado na viagem, então! Isso vale qualquer esbarrão! Fecham os olhos. Fingem tanto que acabam dormindo de verdade. Linha vermelha atravessada: desço e me dirijo à editora. No caminho, muitas vezes cruzo com um homem de terno. Digo, o mesmo homem, com o mesmo terno. Talvez seja ele a única pessoa em que reparo. Sou o maior exemplo da tal ilha ambulante nesses últimos dias. Posso olhar para qualquer ponto, mas só vejo a mesma coisa. Ouço músicas, mas nem as noto. Passo nove horas em frente ao computador. Na verdade, uma hora eu reservo pra almoçar, bem. Depois faço o mesmo caminho, agora voltando. Na volta não encontro o homem de terno. Chego em casa já um pouco exausto e muitas vezes faço pouca coisa antes de me entregar ao sono. Também ligo o computador e fico mais um pouco de tempo a sua frente, pra falar com minha linda. Esse é meu dia. Bom dia. Bom. Na minha invejável semana, nem sei se o homem de terno tem nome...ele passa. É mais um como eu. Talvez também pense se tenho nome. Aliás, no que será que ele pensa?



Meus olhos doem (31/01/07)

Nenhum comentário: